Uma aula de língua portuguesa, uma oficina sobre jornal escolar; uma aula de matemática, uma oficina de xadrez. De forma articulada entre o currículo regular e as oficinas, mais de três mil estudantes de escolas do campo nos municípios de Palmas (TO) e de Governador Valadares (MG) vivenciam agora a educação em tempo integral.
A experiência desses dois municípios faz parte de um conjunto de projetos de educação em tempo integral que cresce nas escolas do campo. Para desenvolver as atividades, as unidades de ensino recebem recursos do programa federal Mais Educação, mas os municípios também investem verbas próprias.
Dados da Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação mostram que 624 escolas públicas do ensino fundamental de municípios de 24 estados e do Distrito Federal implantaram a educação integral no campo. Entre os estados com maior número de escolas destacam-se Rio de Janeiro (110 unidades), Ceará (98), Rio Grande do Sul (77) e Bahia (50). Apenas municípios do Acre e de Roraima não têm escolas do campo de tempo integral participantes do Mais Educação.
O professor Miguel Arroyo, da faculdade de educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), recomenda aos gestores não transferir modelos urbanos para as áreas rurais: “È necessário ter muito cuidado de não levar para lá, mas partir de lá.” Ele explica que o campo tem especificidades e vive um momento de afirmação da diversidade.
De acordo com Arroyo, é preciso conhecer melhor a dinâmica do campo, as pessoas que ali vivem, ações coletivas, projetos e lutas. Segundo o professor, a visão de 20 anos atrás, de ambiente atrasado e tradicional, está superada. “Hoje, o que há de mais dinâmico na sociedade brasileira está lá”, salienta. “O campo está sendo reprimido porque está querendo ir longe demais.”
De acordo com Arroyo, que participou, esta semana, de encontro no MEC para discutir o tema, isso mostra que o país está num momento diferente, a ser considerado pelos gestores no debate sobre a educação integral rural.
(Fonte: MEC)
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