ANPAE: espaços conquistados e lugares construídos
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REGINA VINHAES GRACINDO
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Em seus 46 anos de existência, a Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE) sempre foi identificada como um espaço democrático, onde as mais diversas posições político-acadêmicas tiveram guarida. Isto nunca a impediu, no entanto, de ter suas próprias posições. Assim, nos tempos da ditadura militar, foi espaço de resistência ao se posicionar contra todo tipo de arbitrariedade e ações antidemocráticas. Hoje, a ANPAE apresenta-se como uma das vozes discordantes da naturalização dada à competição e ao individualismo, numa sociedade onde a lógica econômica adentra o social e transforma tudo e todos em mercadoria.

Uma característica faz com que a ANPAE se destaque frente às demais entidades científicas: seu forte compromisso com a prática social da educação, especialmente com a que ocorre na rede pública de ensino. Por isso, além dos professores e estudantes das Instituições de Educação Superior, conta, em seus quadros, com significativa participação de dirigentes estaduais e municipais, diretores de escola e professores da rede pública de educação básica. Como conseqüência, suas pesquisas e ações buscam influenciar positivamente o processo educativo que ocorre nos sistemas de ensino e nas escolas brasileiras.

Outra peculiaridade da ANPAE é que seus ex-presidentes e outros dirigentes, depois de deixarem seus cargos, continuam participando ativamente de suas ações, tal como Benno Sander, que recentemente retornou à presidência da entidade, e como Maria Beatriz Moreira Luce, Maria Clélia Botelho, Lauro Carlos Wittmann, eu, Rinalva Cassiano Silva e Fátima Cunha Ferreira Pinto. E se eles não estivessem encantados, Antônio Pithon Pinto, Paulo de Almeida Campos e Carlos Corrêa Mascaro certamente estariam dando sua contribuição à ANPAE.

A história da ANPAE desvela seu amadurecimento político e acadêmico. E um dos momentos ricos nessa caminhada foi sua participação no Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, desde a Constituinte, passando pela LDB e o PNE, quando, junto com outras entidades científicas, sindicais e profissionais, buscou influenciar na construção de políticas públicas de educação emancipadoras. 

Com esses contornos, a ANPAE constituiu-se, no campo das políticas e da gestão da educação, como espaço de desenvolvimento de pesquisas, divulgação do conhecimento, formação e desenvolvimento profissional. Porém, os mais de vinte anos de associada e os quatro anos (1996/2000) em que tive a honra e o privilégio de ser sua presidenta, mostraram-me que a ANPAE é, sobretudo, lugar de solidariedade e ética, ingredientes indispensáveis na construção de uma educação democrática e de qualidade para todos os cidadãos brasileiros.
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Depoimento escrito em Brasília, em julho de 2007.