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A ANPAE celebra sua história e reitera sua missão
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BENNO SANDER
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http://www.bennosander.com


No momento em que estamos preparando o Jubileu de Ouro da ANPAE, é hora de recordar o passado, analisar o presente e preparar o futuro. Ao recordar o passado, homenageamos nossos mestres fundadores que, reunidos na Universidade de São Paulo (USP), no dia 11 de fevereiro de 1961, por ocasião do encerramento do I Simpósio Brasileiro de Administração Escolar, decidiram criar a ANPAE. Tive o privilégio de conhecer e conviver com a maioria dos mestres fundadores e recordo com emoção o histórico exercício de seus direitos e sua visão política para organizar nossa entidade de educadores dedicados ao estudo, à docência e ao exercício da política e da gestão da educação no Brasil.

 

Assim como o fizeram nossos mestres fundadores, cada um de nós vem construindo sua história anpaeana. Juntos, ao longo de cinco décadas, escrevemos, capítulo a capítulo, a história da ANPAE. Todos somos, portanto, autores de pleno direito dessa história. Alguns tiveram o privilégio de protagonizar o nascimento da Associação em 1961 e de escrever seu primeiro capítulo. Outros testemunharam a trajetória da Associação na sua primeira década de formação e consolidação. Outros eram mais jovens ou estavam no exercício de outras atividades profissionais, como muitos de nós, que hoje nos preparamos para celebrar o 50º aniversário da ANPAE.


Assim como nossos mestres fundadores souberam fazer a hora para estabelecer a ANPAE, hoje nos compete fazer a hora para reviver a história anpaeana em sua dimensão coletiva e sua dimensão individual. Nesse contexto, recordo que ingressei na ANPAE em 1971 e fui eleito presidente em 1976, entrando definitivamente na vida da ANPAE para dela nunca mais sair. Considero a passagem pela Presidência da ANPAE um privilégio pessoal e profissional. O privilégio veio acompanhado de esforços para promover a construção coletiva do conhecimento e a adoção de medidas institucionais capazes de desenvolver uma visão de educação de qualidade, baseada na liberdade e na igualdade, na defesa dos direitos humanos e na promoção do desenvolvimento social sustentável.

 

Além de recordar o passado, a preparação de nosso Jubileu de Ouro nos incentiva a pensar o presente e preparar o futuro, à luz das lições aprendidas no passado. A avaliação da trajetória política e intelectual da ANPAE revela que o trabalho inicial dos mestres fundadores lançou boas sementes em terra fértil para uma caminhada frutífera de cinco décadas de vida, marcadas por um permanente compromisso com a renovação educacional e a transformação social. Esse compromisso reflete-se na preocupação permanente de seus dirigentes e na ação cotidiana de seus associados. Reflete-se, igualmente, nos conteúdos de suas pesquisas e publicações e nos programas de seus simpósios nacionais, congressos internacionais e seminários regionais e estaduais.

 

Nossa participação coletiva em distintos momentos de nossa caminhada revela que a ANPAE tem sido e vem sendo palco de debates e conquistas importantes, que contribuíram e vem contribuindo para definir os contornos da política e da gestão da educação como campo de estudo e prática profissional. Entre as conquistas é particularmente grato destacar a fundação e consolidação da Revista Brasileira de Política e Administração da Educação e a vocação histórica da ANPAE para trabalhar em parceria com associações e entidades congêneres da sociedade civil organizada no campo da educação, como a ANPED, ANFOPE, FORUMDIR, CEDES, CNTE e outras organizações não-governamentais de educação e desenvolvimento social sustentável. No âmbito internacional, destaca-se a participação da ANPAE com outras associações profissionais e instituições educacionais na realização de projetos multinacionais, com referência especial para os congressos luso-brasileiros, latino-americanos, ibero-americanos e interamericanos.

 

Para terminar este depoimento, gostaria de sugerir que a ANPAE se tornou nossa escola, onde estudamos e avaliamos coletivamente a política e a gestão da educação no Brasil. Minha esperança é que continuemos a fazer da ANPAE a nossa escola como espaço público de aprendizagem e educação permanente, nossa arena política e pedagógica, em que todos e cada um de nós somos protagonistas de um esforço coletivo de educação. Isso somente será possível se a ANPAE continuar a ser uma agremiação inclusiva, baseada num processo histórico de ação humana coletiva. Na ANPAE sempre houve espaço para o encontro e o confronto de posições ideológicas, de correntes intelectuais e de orientações metodológicas. É assim que conseguimos construir, ao longo dos anos, um espaço político-pedagógico transparente e aberto. Mais do que a transparência em aspectos administrativos, é preciso continuar a buscar sem trégua a abertura e transparência em matéria intelectual. Só assim a ANPAE continuará sendo uma escola viva de democracia e cidadania, como, aliás, deve ser toda escola, da creche à universidade. Confio que nesta nossa escola possamos continuar a conviver com nossas diferenças e a exercer a cidadania na sua plenitude. Essa foi a grande preocupação de Paulo Freire em sua "pedagogia dialógica," fundada na ética da autonomia e da convivência humana que ele defendeu desde a sua Pedagogia do Oprimido em 1966 até a sua Pedagogia da Autonomia em 1996. Esse foi também o grande ideal de Anísio Teixeira, José Querino Ribeiro, Antônio Pithon Pinto, Carlos Corrêa Mascaro, Paulo de Almeida Campos e seus associados em 1961, ao fundarem a ANPAE como espaço de construção no campo das políticas públicas e do governo da educação.

 

Que esse continue sendo nosso ideal, nossa preocupação, nossa missão como Associação. Essa será a melhor maneira de homenagearmos nossos mestres fundadores. Essa será a melhor maneira de continuarmos nossa educação permanente em matéria de políticas públicas e gestão da educação. Essa será, enfim, a melhor maneira de contribuirmos para a consolidação de um processo democrático de educação popular e formação cidadã a serviço dos ideais éticos de liberdade individual e eqüidade social e dos valores culturais de nossa Terra.
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Depoimento escrito no dia 11 de fevereiro de 2001, por ocasião da celebração do 40º aniversário de fundação da ANPAE e atualizado em 5 de janeiro de 2010, em preparação das celebrações do Jubileu de Ouro da ANPAE.

 
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